
Christopher Parkening é conhecido como um dos mais proeminentes virtuoses do violão clássico do mundo. O The Washington Post o chamou de “o principal virtuoso do violão de nossos dias, combinando uma profunda percepção musical com o domínio técnico completo de seu instrumento”. O The New York Times descreveu sua forma de tocar como “tão inteligente, sensível e hábil que se pode esquecer de tudo, menos da música”. De acordo com Los Angeles Times, “Parkening é considerado o violonista clássico reinante da América, carregando a tocha de seu mentor, o falecido Andres Segovia.”
Enquanto eu fazia algumas pesquisas sobre métodos de violão para usar com meus alunos, resolvi olhar a fundo alguns dos métodos que tenho acesso.
Ouvi o violonista Sean Beavers fazendo menção ao método The Christopher Parkening Guitar Method como sendo um método que ele sempre usa com seus alunos e resolvi dar uma olhada.
O método é excelente. O passo a passo proposto por Parkening é, realmente, muito interessante e leva o aprendiz numa jornada de estudos que pode trazer resultados significativos. Mas o que mais me chamou a atenção em seu método foi outra coisa.
No final do volume 2 de seu método, Parkening compartilha questões bem pessoais acerca de sua filosofia de vida envolvendo o violão e o que o motiva a se dedicar ao instrumento.
Ele diz:
“Tenho um compromisso com a excelência pessoal que busca honrar e glorificar o Senhor com minha vida e a música que toco. As pessoas sempre perguntam como minha fé afeta minha música e minha carreira como violonista. Como cristão, acho útil contemplar os versículos da Bíblia antes e até durante uma apresentação. Um dos meus favoritos é Filipenses 4.6-7: Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido. E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus.”
A seguir, Parkening cita vários versículos bíblicos, como Romanos 8.28; Filipenses 4.8-9; 2 Corintios 12.9; Isaías 26.3; Proverbios 3.5-6; 1Pedro 5.5b-7; Isaías 12.2 e João 3.16.
Então ele continua:
“A maioria das pessoas acredita que você precisa estar confiante para fazer um bom concerto. Entendo, porém, que Deus não quer que tenhamos confiança em nossa própria capacidade, e percebo que sou inadequado para a tarefa que temos pela frente. Isso exige que eu dependa totalmente da graça de Deus em atuações passadas e confie que Sua graça será suficiente para esta também. Nos bastidores, eu constantemente me lembro do que sei ser verdade.
Pessoalmente, desejo agradar ao Senhor com minha música. Dedico cada apresentação ao meu Senhor e Salvador Jesus Cristo e, consequentemente, a “aprovação” do público é secundária.
Muitas pessoas me perguntaram como me tornar um excelente violonista. Eu respondo “Seja um perfeccionista que trabalha duro”, o que pessoalmente compensa minha falta de talento em muitas áreas. Nosso objetivo deve ser superar o que nos falta em talento ou habilidade pelo que temos em dedicação e comprometimento. Isso exige autodisciplina – a capacidade de regular sua conduta por princípios e bom senso, e não por impulso, desejo, alta pressão ou costume social. É a capacidade de subordinar o corpo ao que é certo e ao que é melhor. A autodisciplina nada mais significa do que ordenar as prioridades de sua vida. É a ponte entre o pensamento e a realização, a cola que liga a inspiração à realização. Para mim, como cristão, a autodisciplina é antes de tudo obedecer à palavra de Deus – a Bíblia. É colocar meus desejos, minhas emoções, meus sentimentos e tudo o que está em minha vida sob o controle supremo de Deus, para que eu possa viver uma vida obediente que tem como objetivo a glória de Deus.”
Por ser cristão, ler essas palavras de Parkening em seu método me fez ter mais curiosidade acerca de seu trabalho. Eu não me lembrava de conhecer muitas de suas gravações. Provavelmente eu já escutei alguma coisa dele, principalmente na época da faculdade. Mas eu queria poder conhecer mais um pouco do trabalho deste violonista que dedicou sua música a Deus.
Ao fazer uma rápida pesquisa no YouTube, encontrei uma entrevista que Christopher Parkening deu ao Guitarcoop. A entrevista foi conduzida pelo violonista Marcelo Kayath. E mais uma vez as declarações de Parkening chamam atenção.
Ao ser questionado sobre como ele começou com o violão e como era a sua família, Parkening respondeu que começou a tocar violão porque foi inspirado pelo seu primo, Jack Marshall, que o aconselhou a começar pelo violão clássico e comprar as gravações de Andrés Segovia, considerado por eles o maior violonista na época. Seus pais lhe deram as gravações de Segóvia e então ele começou a estudar violão clássico.
Ele menciona que seu pai o instruiu a acordar às 5 horas da manhã para estudar violão por 1 hora e meia antes de ir para a escola e depois mais 1 hora e meia quando chegasse da escola, o que fez ele sentir certa pressão e não ver muita diversão nisso.
Seu sonho era se aposentar jovem, como seu pai, e ter um rancho e um riacho com trutas, porque pescar era uma das coisas que ele mais gostava de fazer. Ele fazia cerca de 90 concertos por ano, viajava o mundo inteiro e sempre manteve esse objetivo em mente.
Quando completou 30 anos, encontrou um lindo rancho no estado de Montana e decidiu se mudar para lá. Neste momento ele pensou: “Encontrei minha vida ideal. Não quero mais tocar violão.” Ele acreditava ter alcançado tudo o que precisava para ser feliz. Entretanto, ele sempre sentia um vazio interior e não conseguia entender o porquê.
Um dia ele voltou para Los Angeles para visitar amigos e família, quando um vizinho apareceu e o convidou para ir à igreja. Ele aceitou o convite e o tema da pregação que ele ouviu foi “Examinem-se a si mesmos se a fé está convosco”, uma mensagem que o Pr. John MacArthur pregou em Mateus 7, onde Jesus diz que um verdadeiro cristão será conhecido por suas ações.
Parkening continua citando Jesus:
“ — Nem todo o que me diz: “Senhor, Senhor!” entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, vão me dizer: “Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres?” Então lhes direi claramente: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.” (Mateus 7.21-23)
Quando ele ouviu essas palavras, toda a sua vida passou diante de seus olhos e ele pensou: “Este sou eu”. Ele sentiu que se estivesse diante de Jesus naquele momento, ele ouviria: “Afaste-se de mim, eu nunca conheci você.”
Ele sabia que nunca tinha se importado verdadeiramente com Cristo e sua vontade, e nunca quis glorificar a Deus com a sua música. Ele entendeu que, apesar de conhecer alguns fatos acerca de Jesus, ele nunca tinha sido cristão de verdade. Ele reconhecia que Jesus era o Filho de Deus, que tinha morrido e ressuscitado ao terceiro dia, mas no fundo ele não queria um Senhor, alguém a quem ele devia seguir, confiar e obedecer. Isso o fez perceber que não dá para separar o Jesus Salvador do Jesus Senhor, pois Jesus é ambos.
Então ele pensou: “O que devo fazer?”
Ele decidiu entregar sua vida para Jesus naquela noite, pediu perdão pelos seus pecados e daquele momento em diante ele percebeu que foi salvo pela graça por meio da fé.
Foi quando começou a estudar a Bíblia e se deparou com 1 Coríntios 10.31 que diz que tudo o que fazemos deve ser feito para a glória de Deus. Neste momento ele quis voltar a tocar violão, mas desta vez por um propósito diferente: glorificar e honrar o Senhor Jesus Cristo.
A partir daquele instante ele relata sentir uma alegria, uma paz e um sentimento de completude que ele nunca havia sentido antes, quando ele estava tentando ganhar muito dinheiro para se aposentar.
Enfim…
Eu me senti profundamente abençoado por Deus ao ouvir o testemunho pessoal de Christopher Parkening. Apesar de ser cristão desde que me entendo por gente, ele me ajudou a ver o violão clássico de uma maneira como eu nunca havia feito antes.
Meu desejo é que mais pessoas também possam ser abençoadas por Deus ao ouvir este testemunho e se sintam motivadas a fazer tudo o que fazem, o que quer que seja, para glorificar a Deus.
Termino com as palavras de Parkening, que disse:
“Eu amava a música de Bach, meu compositor favorito, e ele disse: ‘o objetivo e razão final de toda música não é outra coisa se não a glória de Deus’. E no final de muitas de suas composições ele escrevia as iniciais S.D.G. que em latim significam “Soli Deo Gloria” (Glória Somente a Deus). Se Bach pôde usar seu enorme talento e habilidade com esse propósito, o mínimo que eu posso fazer com o pouco talento e habilidade que Deus me deu é o mesmo.”
Deus abençoe você e te ajude a glorificá-lo em todas as coisas.
A Deus toda glória!
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